terça-feira, 6 de julho de 2010

Amores Líquidos

O que aconteceu com as pessoas?? Não conseguem mais ser sinceras consigo mesmo. Ficam se escondendo de suas verdadeiras emoções e sentimentos por egoísmo, insegurança e orgulho próprio. E no final, o que ganham com isso?? NADA.

Estamos vivendo hoje num mundo em que tudo esta muito acessível não só material, mas também em relação à pessoas. Esta tudo tão fácil, que muitas pessoas perderam o interesse do “gostinho” da conquista. Hoje conhecer de fato uma pessoa não esta sendo mais desejado, pois tudo esta banalizado. As relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento.

Estamos na era do homo consumens. O que importa agora, não é acumular bens, e sim usa-los e descarta-los e isso parece estar refletindo também nos nossos relacionamentos. Estamos sendo agora comparados a produtos. A sensação de que se pode ser abandonado, substituído a qualquer momento impede a entrega total, e por não se entregar totalmente, a pessoa vive com a constante sensação de que está vivendo um equívoco, ou que está esquecendo algo, ou deixando de experimentar alguma coisa. Isso faz com que a pessoa viva sempre ansiosa. E, pior do que isso, condenado a permanecer incompleto e irrealizado.

Homens e mulheres parecem presos numa trincheira sem saber como sair dela, e, o que é ainda mais dramático, sem reconhecer com clareza se querem sair ou permanecer nela. Por isso movimentam-se em várias direções, entram e saem de casos amorosos com a esperança mantida às custas de um esforço considerável, tentando acreditar que o próximo passo será o melhor. A conclusão não pode ser outra: “a solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar um terreno doméstico comum”. Hoje estamos mais bem aparelhados para disfarçar um medo antigo, o que em qualquer período da trajetória humana sempre foi vivido como uma ameaça: o desejo e o amor por outra pessoa.

Infelizmente estamos nos perdendo, esquecendo que o amor encontra seu significado, não na posse das coisas prontas, completas e concluídas, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. Martinho Lutero nos adverte que "o amor de Deus não se destina ao que vale a pena ser amado, mas cria o que vale a pena ser amado". Em outras palavras, não espere pessoas prontas, caminhe com elas rumo à maturidade.

Estamos aqui em busca de algo maior, de crescimento interior, creio eu. Acho que quando todos tiverem respeito uns com os outros e se importarem com os sentimentos alheios, sendo sinceros, essas relações líquidas serão afetadas de forma positiva, resolvendo grande parte dos problemas afetivos de hoje.

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